“O investimento mais importante que podemos – e devemos fazer – é nas pessoas”. Com essa fala, a juíza federal Daniela Tocchetto Cavalheiro, diretora do Foro da Seção Judiciária do RS, resumiu sua participação no painel “Inovação: o novo mindset”, integrante da programação do ExpoJud 2019. O evento, voltado às áreas de Inovação, Tecnologia e Direito, aconteceu nos dias 12 e 13 de junho em Brasília/DF.

A SJRS participou das atividades a convite da organização do evento. Além da diretora do Foro, o juiz federal Paulo Paim da Silva, o diretor da Secretaria Administrativa, Antonio Cesar Marques de Matos, e servidores que atuam no Inovatchê, laboratório de inovação da instituição, participaram do ExpoJud. O servidor Luigi Frusciante Filho também esteve presente e atuou como moderador no painel sobre LegalTechs.
Daniela iniciou sua apresentação abordando conceitos da psicologia positiva. Conforme afirmou, ainda hoje, predomina no serviço público o chamado “mindset fixo”, que tem como características a resistência à mudança, o apego a modelos do passado e a aversão ao risco. Para a magistrada, entretanto, o “mindset progressivo” existe dentro de todas as pessoas, sendo dever do gestor estimulá-lo. “O nosso desenvolvimento enquanto seres humanos demonstra que todos temos isso dentro de nós: essa capacidade de aprendizado constante, de buscar novos caminhos e explorar possibilidades. Basta um empurrãozinho pra que as pessoas saiam da caixa”, disse.
Atuando em uma das instituições mais informatizadas do país, responsável pelo desenvolvimento dos sistemas eproc e SEI, a juíza reiterou a importância da tecnologia a serviço do Judiciário, mas lembrou que a verdadeira mudança passa pelas pessoas. “A inteligência artificial, tão falada atualmente, potencializa aquilo que já é feito. Se hoje fazemos mil coisas de uma forma tradicional, com o uso de AI, poderemos fazer cem mil coisas de forma tradicional”, exemplifica. “ A verdadeira inovação estará naquilo que as pessoas criam e que a tecnologia pode potencializar”, complementou.

Ela exemplificou citando iniciativas como o Portas para o Futuro e o projeto Futuridade, soluções decididas horizontalmente e de forma colaborativa por magistrados e servidores. “Nesses dois projetos, tanto o formato de trabalho quanto o foco na humanização permitiram aos servidores colocar o seu melhor a serviço da instituição, à medida em que perceberam que somos elemento de mudança na instituição e na sociedade”, assegurou. “ O mesmo posso dizer sobre o Inovatchê, nosso laboratório de inovação. Trata-se de uma construção horizontal. As pessoas já estavam preparadas para inovar, tinham esse desejo; bastava apenas um incentivo”, ponderou. “Quem participa, se sente empoderado ao ver suas ideias e propostas serem efetivadas. Nesse sentido, é uma relação de ganha-ganha, onde ganham os servidores, e ganha também o gestor”, concluiu.
A primeira edição do ExpoJud reuniu importantes representantes das áreas de inovação, tecnologia e empreendedorismo voltados ao sistema judicial. Temas como soluções de Inteligência Artificial, Blockchain e LGPD foram debatidos em mais de 24 painéis, alguns acontecendo de forma simultânea. Além disso, 25 instituições da justiça brasileira estiveram presentes com expositores especialmente montados para a apresentação de cases e o networking.
Sobre o Inovatchê
Inaugurado em abril deste ano, o Inovatchê é um espaço para a discussão, a reflexão e a proposição de soluções para questões complexas do dia a dia da Justiça Federal. Uso de metodologias ágeis, escuta ativa, foco no ser humano, colaboração e construção coletiva são alguns dos preceitos que regem as atividades realizadas dentro do Inovatchê, seja por juízes e servidores, seja por atores externos convidados a contribuir.
Atualmente, o laboratório conta com onze laboratoristas, que atuam na condução de propostas de inovação relacionadas à gestão do orçamento público, ao futuro do quadro funcional, à relotação de servidores e à melhoria do atendimento ao público. O grupo conta com a mentoria de Alvaro Gregório e Gabriela Dourado, do iLabs Services.
Sobre o Portas para o Futuro
A Justiça Federal gaúcha ingressou no Programa Jovem Aprendiz celebrando um convênio com Banrisul, CIEE e Ministério Público Estadual. Desde o início de 2019, a sede da instituição em Porto Alegre conta com 13 jovens acolhidos pelo Estado em casas-lar ou abrigos.
Os adolescentes de 14 a 17 anos exercem jornada de 16 horas semanais de trabalho, divididas por quatro dias da semana. Para realizar suas atividades nas unidades judiciárias e administrativas, eles contam com o apoio de juízes e servidores. Uma vez na semana, participam de cursos no CIEE de Ocupações Administrativas.
Dentro do projeto, os jovens aprendizes recebem remuneração no valor de meio salário-mínimo regional, que é pago pelo Banrisul, em atendimento à Lei 10.097/2000. O prazo de contratação é de 24 meses.
Sobre o Futuridade
Desenvolvido de agosto a dezembro de 2018 na Seção Judiciária do RS, o Projeto Futuridade contemplou a realização de palestras e a formação de grupos com adesões voluntárias para o desenvolvimento de ações para promover a sustentabilidade ambiental, econômica e social. Trabalhando com os Eixos da A3P – Agenda Ambiental na Administração Pública, os grupos elaboraram propostas que resultaram em Planos de Ação – formatados a partir das diretrizes do PLS, Resolução 201/2015 do CNJ – que já começaram a ser implementados ainda em 2018.
Entre os indicadores de sucesso do projeto, estão a eliminação do descarte de mais de 500.000 copos plásticos/ano (números de 2017), com estimativa de evitar que mais de 1.000 kg de plástico/ano sejam dispersados. Além disso, foi revisto o edital para construção ou adaptação de prédio a ser locado em Santana do Livramento, para que a edificação seja mais sustentável, servindo de modelo para futuras construções.