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Justiça Inclusiva: mutirão de conciliações envolvendo auxílio-doença para dependentes químicos acontece na JFRS

28/09/2016 - 18h47
Atualizada em 30/09/2016 - 14h05
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Mais um mutirão de conciliações do projeto Justiça Inclusiva movimentou a sede da Justiça Federal do RS nesta tarde de terça-feira (27/9). O projeto, que incentiva a recuperação de dependentes químicos em litígio com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), novamente lotou as mesas do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejuscon), na capital gaúcha. Foram realizadas 12 composições, tendo sido fechado acordo em todas elas.

[caption id="attachment_36440" align="alignnone" width="500"]concilia-98236148907 Mutirão registrou 100% de acordos nas mesas de conciliação[/caption]

"Todo adicto tem que querer fazer o tratamento por si, não pelos outros, para voltar a ser uma pessoa digna", afirma Fladimir Rocha Nerbas, que conseguiu um acordo com o INSS através do projeto Justiça Inclusiva. Ele continuará morando na fazenda onde se recuperou no último ano e onde hoje ajuda outros dependentes químicos, mas comparecerá semanalmente no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de sua região, para garantir a continuidade do tratamento. "No início, eu tinha medo de ter uma recaída no trajeto entre a fazenda e o CAPS, porque tem muito "boteco" e "maluco" no caminho, mas agora minha nova companheira se comprometeu a ir sempre junto comigo", garante.

Nerbas relata que, por causa dos entorpecentes, perdeu tudo na vida: carreira, casamento e o amor e respeito dos cinco filhos, de quem lamenta nem saber o paradeiro hoje em dia. Ele conta que era paramédico, especializado em atendimento a ocorrências graves, e que o conhecimento acerca de diversas substâncias químicas, decorrente da profissão, lhe possibilitou experimentar "de tudo que era possível". O homem de 55 anos confessa ser um dependente químico altamente compulsivo, e que chegou a morar nas ruas, ficando dias sem comer apenas para poder comprar mais drogas.

Separado da esposa e sem os filhos por perto, Nerbas contou com a ajuda da mãe para se internar e sair do vício. Ela conseguiu a internação em uma instituição ligada à igreja e hoje seu filho emociona-se ao lembrar-se de quando esteve no fundo do poço. "Eu nunca mais quero descer ao nível degradante e humilhante que estive, e agora que o Poder Público está me dando esta oportunidade, vou aproveitá-la", promete.

Para o advogado Adriano Del Gaudio, que o representa, "este é um caso que nos dá a esperança de salvar mais vidas das ruas". Del Gaudio ainda afirma que esta é "uma iniciativa fantástica da JF e do INSS, meu cliente terá um ano de benefício para dedicar-se ao tratamento e depois poderá reinserir-se no mercado de trabalho".

Por fim, Nerbas já tem planos para o futuro. "Depois que terminar o tratamento, preciso trabalhar mais um ano, daí me aposento e compro um sítio, onde me dedicarei à criação de pássaros exóticos", revela.

[caption id="attachment_36439" align="alignnone" width="500"]ok-img_8631 Fladimir Nerbas quer ajudar outros dependentes químicos a se tratarem[/caption]

O projeto

O Justiça Inclusiva é um projeto da Justiça Federal que reúne o INSS, o Ministério Público Federal, assistentes sociais e a rede pública especializada no tratamento de álcool e drogas. O projeto, realizado através da 26ª Vara Federal de Porto Alegre, especializada em conciliação, incentiva dependentes químicos em litígio com o INSS a buscar tratamento, concedendo auxílio-doença mediante a adesão e continuidade do mesmo na rede pública.